Memórias dos Festivais

Histórias de quem viu e ouviu - Festivais nativistas - Rio Grande do Sul

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Local: Edimburgo, Midlothian, United Kingdom

domingo, dezembro 09, 2007

Acorde Brasileiro


Estive acompanhando o Acorde Brasileiro, encontro para discussão sobre os rumos da música regional no Brasil. Bem interessantes as palestras e os debates, pena que a participação de público deixou a desejar, o que foi estranho, uma vez que as inscrições eram gratuitas e as vagas se esgotaram alguns dias antes do evento.

Entre os muitos temas, destaco a reclamação geral de parte dos músicos de que suas composições não tocam nas rádios. Alguns acham que não adianta brigar com as rádios, que em sua maioria só tocam música ruim (de consumo rápido), outros acham que não se pode desistir, no entanto, cada um tem que fazer a sua parte para tentar mudar a mentalidade das pessoas. E também hoje é possível a utilização de várias ferramentas, talvez a principal delas a internet, para a divulgação dos trabalhos. Além disso, o desenvolvimento de diferentes projetos apresentados por alguns participantes dá um alento para quem tem intenção de continuar prestigiando a a cultura e a música de qualidade.
Veja:

terça-feira, junho 26, 2007

Cetegismo nos festivais

Dia desses li num jornal o Manifesto Contra o Tradicionalismo. Concordo em alguns pontos, discordo de outros, mas acho que toda discussão é salutar. Mas o que gostei mais foi de um artigo, no mesmo jornal, em que Juarez Fonseca analisa a conseqüência do domínio dos CTGs nos festivais. Trago aqui um trecho.

"... Outro exemplo emblemático são os festivais de música. A mentalidade cetegista castradora (isso eles fazem muito bem!) conseguiu reduzi-los a uma insignificância quase absoluta. Os festivais dominados por essa "ideologia" já não revelam praticamente ninguém, porque foram embretando o outrora rico manancial da canção gaúcha, expurgando quem ousasse o novo, valorizando o simplório e o lugar-comum. O resultado é que onde antes havia um Barbará, um Rillo, um Talo, um Borges, um Jerônimo, um Kenelmo, um Marco Aurélio, um Passarinho, um Elton, um Telmo, hoje há uma enorme turma de gritões de chapelão. Os músicos sensíveis e inovadores foram corridos dos festivais na base do grito, essa é a verdade. (...) Lembro de um conhecido prócer tradicionalista, sempre pilchado até os olhos, dizer certa vez a um grupo de compositores e intérpretes de "música urbana" que deveriam agradecer por permitirem que se apresentassem em determinado festival. E que tinham de ter consciência que aquele palco não era deles por direito, mas dos "verdadeiros gaúchos". Imagine-se o Rio Grande do Sul separado do Brasil e tornado uma república, com mentalidades assim nos dirigindo. Que São Sepé Tiaraju nos livre e guarde!"

O Manifesto pode ser lido no site www.gauchismos.blogspot.com

O artigo na íntegra pode ser encontrado no jornal Cadafalso. Não tem site, mas para entrar em contato há o jornalcadafalso@gmail.com

domingo, maio 27, 2007

Vertente

Estive na minha terra natal no dia 28 de abril para assistir a um festival. Mas a novidade era um festival nativista estudantil. A Vertente é um dos poucos festivais destinados aos amadores no estado. Acho que esse tipo de evento é importante como laboratório e formação de novos artistas e, no caso, também de novos organizadores. A Vertente é um projeto das professoras Ana Eliza Ventimiglia e Dionéia Macedo, da Escola Estadual Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Santana do Livramento. O desafio de trabalhar com adolescentes na organização de um evento desse porte foi superado com muita dedicação. O resultado foi um desfile de novos talentos e promessas do cancioneiro gaúcho.

quarta-feira, março 28, 2007

Saudade

Saudade é o que mais sinto daqueles tempos em que eu andava pelas estradas do RS atrás de algum festival. Saudade de conhecer novas cidades e novos caminhos. Saudade de uma vida sem compromissos. Saudade de conhecer pessoas de diferentes lugares. Saudade, enfim, das músicas daquela época. E esse foi o sentimento que tive ao retornar de mais uma edição do Reponte.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Será o declínio?

Tenho ouvido comentários de que vários festivais não vão se realizar neste ano. Agora de imediato, seriam o Grito de Jaguari e a Comparsa de Pinheiro Machado. É uma pena, são eventos com uma longa história. Embora muitos digam que os festivais vão bem, eu acho que estão entrando numa fase de declínio. Não sei exatamente as causas. Acredito que são várias, desde a dificuldade de financiamento até a deficiente organização. Se ocorrer mesmo uma queda no número de festivais, espero que seja pelo bem deles, quem sabe seja uma seleção natural...

quinta-feira, novembro 30, 2006

Califórnia

Uma pena o que está acontecendo com a Califórnia da Canção. A mãe dos festivais nativistas mais uma vez será adiada por falta de dinheiro. Transferida para abril, certamente afetará a data da edição seguinte. Berço de músicas memoráveis, verdadeiros clássicos do nativismo, não deveria estar mendigando apoios financeiros. Na minha opinião, um festival com tanta história deveria ser auto-sustentável... é um produto a ser comercializado.

Acho que falta um pouco de visão comercial aos nossos organizadores. Bom, não sei se isso é possível, mas eu gostaria que os festivais se mantivessem sozinhos, fossem autofinanciados, uma edição gerando a outra, por meio de exploração de marketing e outros artifícios. Acho que cada festival deveria ser uma marca, uma grife. Deveriam realmente ser um objeto de desejo que atraísse a atenção das empresas para investimentos. Que vendessem produtos relacionados à marca. Minha idéia não é transformar os festivais em coisas absolutamente comerciais, mas fazer uso das ferramentas que o marketing proporciona para garantir o futuro dos nossos eventos. Acho que é necessária uma mudança de visão. Alguns festivais estão sucumbindo sob a dependência da LIC.

terça-feira, novembro 07, 2006

'Terra, não me deixe...'

Aproveitando que está em cartaz o documentário "Uma verdade inconveniente", sobre as transformações climáticas do planeta em função da ação do ser humano, vou continuar um pouco com o tema ecológico.
"Terra, não me deixe agora, Terra/ Tarde, muito tarde/ impossível de retornar..." Com esses versos, Beto Barros inicia uma das composições mais significativas pra mim ao longo desses anos todos de festivais. Em parceria com Beto Bollo e a interpretação do Tambo do Bando, "Terra" venceu a 3ª edição da Primavera do Canto Xucro, extinto festival de Caxias do Sul. Ainda hoje, passados muitos anos da apresentação da música, o tema continua atual. "Quem sabe ainda hoje/ eu possa lavar o mar/ quem sabe em sete dias/ eu possa tudo mudar." Não sei, talvez as coisas mudem, mas não me parece a perspectiva. Creio que estamos cada vez mais próximos de constatar que "nada mais há que fazer/ não há". Se nada mudar no manejo do planeta, só me resta cantar junto: "Guarda contigo meu pranto/ adeus".