Aos peixes do Sinos

"Milhares de peixes foram encontrados boiando ontem nas águas do Rio dos Sinos, entre a divisa de São Leopoldo com Sapucaia do Sul, num trecho de cerca de 15 quilômetros. É a maior mortandade de peixes dos últimos 20 anos, segundo informou a Fepam. Espécies como dourado, jundiá, grumatã, viola, cascudo e piava não resistiram à violenta carga orgânica do rio e morreram em razão da falta de oxigenação da água do Sinos. " Correio do Povo - 9/10/2006

Em função de notícias como essa que vêm se repetindo na mídia, trago aqui a letra de uma música que participou da I Moenda da Canção, em Santo Antônio da Patrulha, 1987.

Cururuai
(Harry Rosa e Alvandy Pereira Rodrigues/Delce Rosa)
Interpretada na ocasião por Harry Rosa (com participação especial de Claudemir Dornelles)

Das madrugadas um caminho ameno
Das águas puras do Cururuai
Onde colonos viram novo Reno
Pesqueiro farto do meu pai guri
A correnteza leva a história antiga
Fica a saudade pra eu cantar aqui

Veias do vale hoje tão poluídas
Traem escondidas o sangue imigrante
O povo, a flora, a alma, a vida
Até se calam frente essa ganância
Que não descansa, ataca o próprio tempo
Claro e mui xucro, sonho itinerante

Rio dos Sinos, Cururuai,
Chora enchente a agonizar
No teu leito já não vejo
Alegria a navegar

Mas apesar da triste realidade
Que ameaça hoje nova geração
Vou resistir nas várzeas e canhadas
À emboscada dessa poluição
Que nesse jogo de cartas marcadas
Chamam progresso essa vil invasão

Tu, descendente dessa feitoria,
És nova cria que há de cantar
Nos festivais, galpões e parlamentos
Contra a violência que se fez aqui
Porque em seu leito não dorme tranqüilo
O Rio dos Sinos, Cururuai

O primeiro

Dizem que o primeiro a gente nunca esquece... bom, o primeiro festival a que fui foi em 1988. Eu já tinha escutado alguns pelo rádio, mas este foi o primeiro in loco. Foi o 5º Acampamento de Campo Bom. Fui com o Papik e o Celo, meus irmãos. O vô não quis ir junto. Foi um festival excelente, até hoje acho que foi um dos melhores a que assisti. A vencedora foi Changueiro de Vida e Lida, de Adair de Freitas. Ao terminar, fomos conversar com o Adair, e dissemos pra ele que tinha valido a pena sair de Livramento e ir até lá pra ver o nosso conterrâneo vencer. Somos de Livramento, mas tínhamos ido de Porto Alegre mesmo... E também pegamos um autógrafo do Jayme Caetano Braun pro vô, um fã dele. Esse festival é um dos LPs que guardo com carinho.

Amigos

Claro, fiz alguns amigos ao longo dos anos em que acompanhei os festivais. E alguns deles adoráveis. Principalmente "meus velhos", como eu chamava carinhosamente os "dinossauros" Glênio Reis e Paulo Deniz, que transmitiam os eventos pela Rádio Gaúcha AM. E casualmente iniciei este blog no dia 24 de outubro, aniversário do Glênio... Essa foto foi tirada em Uruguaiana, após o término da 24ª Califórnia. Está devidamente autografada...

Começo

Todo início é difícil... penso como devo começar a escrever as minhas memórias... Bom, minha idéia inicial era fazer um livro, que comecei a escrever em 2001 e abandonei alguns meses depois. Mas tenho em algum lugar algumas páginas guardadas...
Mas vamos lá, então. Por que falar de festivais? Essa é simples: porque a-d-o-r-o essas músicas da nossa terra. E a função dos festivais ERA muito legal... passei boa parte da minha vida acompanhando o movimento nativista e depois me afastei um pouco, quando achei que a qualidade dos eventos não estava mais me agradando. Ainda hoje tento acompanhar alguns, mas sempre me vêm os antigos à lembrança. Por isso este blog, para relembrar os bons momentos que passei, as aventuras - e desventuras, rsrsrs - no encalço de algum músico... Basicamente um registro pessoal, mas talvez surjam alguns elementos de pesquisa pra quem se interessa pelo assunto. Espero que tenham uma boa leitura. E se eu conseguir provocar risos ou saudade, já terei cumprido o meu papel.